sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Romeu e Julieta: Romance ou História?



Romeu e Julieta: uma história vivida na realidade ou fruto da imaginação artística?



Ao longo da História da Arte, diversas obras literárias obtiveram grande destaque chegando a serem consideradas verdadeiros clássicos da literatura mundial. As características de uma personagem ou o envolvente enredo de uma história, por vezes, despertam uma grande paixão do público pela obra. Em determinadas situações, os admiradores de um clássico tão vivo e impactante chegam a questionar se aquelas linhas seriam mera ficção. 

“Romeu e Julieta”, do escritor britânico William Shakespeare, conta uma afamada história de amor que envolve um casal de jovens apaixonados proibidos de vivenciar sua experiência amorosa mediante a rivalidade de suas famílias. A intensidade dos diálogos e das ações envolvendo o atraente e trágico casal apaixonado desperta certa desconfiança sobre os limites do real e do imaginado. Afinal, Romeu e Julieta viveram para fora da cabeça de Shakespeare? 

De fato, a primeira versão impressa desta obra cita que o enredo daquela história já havia sido encenado em diversas peças de teatro. Um italiano chamado Giralomo della Corte, que viveu na mesma época de Shakespeare, dizia que a cidade de Verona vivenciou esse caso amoroso no ano de 1303. Teria o italiano se inspirado pela obra do escritor inglês ou Shakespeare explorou oportunamente um fato histórico que chegou a seus ouvidos? Difícil dizer. 

No entanto, outras obras mais antigas que a do próprio Shakespeare também instiga outras questões a esse mistério. No século II, o escritor grego Xenofonte Epehesio escreveu a obra “Anthia e Abrocomas”, que possui diversas semelhanças com a história dos amantes italianos. Uma outra versão diz que o escritor italiano Luigi da Porto se inspirou em uma obra chamada “Novellino” e produziu um romance ambientado pelos amantes Romeo e Guilietta. 

Essa mesma hipótese recai sobre uma obra do escritor italiano Matteo Bandello, que produziu uma versão da história em 1554. Tempos depois, essa história teria sido traduzida para o francês e uma versão em inglês transformou-a no poema “Romeus and Juliet”. No ano de 1567, uma versão em prosa do poema teria gerado o livro “The palace of pleasure”, de Willian Paynter. 

Entre tantas versões do que parece ser uma mesma obra, muitos historiadores chegaram à conclusão de que Shakespeare teria compilado uma peça teatral de origem completamente desconhecida. Entre tantas versões e possibilidades, ninguém sabe afirmar se Romeu e Julieta remontam histórias de um tempo remoto ou se vieram a viver na Península Itálica. O único elemento realmente comprovado de toda essa história é o de que as famílias Montecchi e Capelletti existiam. 

Na mais famosa obra do escritor Dante Alighieri, “A Divina Comédia”, as duas famílias são citadas enquanto exemplo das disputas políticas e comerciais desenvolvidas na Itália. No entanto, ainda há gente que discorde disso. Para o historiador Olin Moore, o nome destas duas famílias seria um outro desígnio para dois importantes partidos políticos rivais italianos: os gibelinos e guelfos. 

Por mais que essa polêmica nunca tenha uma resposta definitiva, podemos notar como as pessoas se sentem impelidas a querer comprovar algo que se apresenta como ficção. O amor trágico e desmedido de Romeu e Julieta parece instaurar um arquétipo de um amor ideal, muitas vezes, distante das experiências afetivas cotidianamente experimentadas. Talvez por isso, tantos acreditam (ou pelo menos torcem) para que um amor sem medidas como do casal shakespeariano acontecesse.



Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Bruxas e o Poder Simbólico


As bruxas foram e sempre serão um elo entre mito e razão ou ficção e realidade
As bruxas foram e sempre serão um elo entre mito e razão ou ficção e realidade


As relações humanas, dizem os sociólogos, são pautadas por poderes simbólicos. Eles possuem grande influência na visão de mundo e na realidade das pessoas. As bruxas sempre foram e vão ser um elo entre mito e razão ou entre ficção e realidade, pois elas se encontram no campo do imaginário popular que é disseminado pela cultura e pelos costumes de um povo e que, sobretudo, estabelecem relação e consequências nas ações do pensamento humano.
Pesquisadores ávidos por suas buscas arqueológicas encontraram em cavernas símbolos e ilustrações que demonstram a adoração humana a deusas da fertilidade ainda no período neolítico. Desde o surgimento das primeiras civilizações, o homem buscava adorar deuses que mesclavam proteção, respeito e divindade. Talvez fosse uma maneira de confortar a busca por aquilo que não se compreendia ou aquilo que não existia e que se buscava uma resposta.
Com o advento do Cristianismo e sua disseminação pelo mundo, o poder simbólico de muitas crenças, rituais ou costumes passaram a ser perseguidos e rotulados como heréticos e pecaminosos. O Cristianismo proliferou uma política em que existia uma cultura certa e uma cultura errada e, tão logo, a “verdade” deveria prevalecer sobre a “falsidade”.
As mulheres durante a Idade Média que possuíam domínio de ervas medicinais para a cura de enfermidades eram julgadas como hereges e pecadoras, pois, na concepção católica, elas tentavam enganar as leis divinas com rituais que iam contra os preceitos da Igreja Católica. Por isso, várias mulheres foram perseguidas e acusadas de feitiçaria ou bruxaria e, consequentemente, foram assassinadas pela prática de suas crendices e cultura.  
Na Idade Média, as bruxas eram acusadas de falsear o controle divino, manipulando ervas e curando doenças, pois ninguém poderia mudar o curso divino das coisas se não fosse Deus. Juntamente com essa acusação, as bruxas eram acusadas de fazerem pactos demoníacos e realizarem coisas sobrenaturais, como voar pelos ares. Foi com esse imaginário simbólico que acusações foram legitimadas e várias mulheres foram mortas em diversas cidades da Europa até a chegada do Iluminismo.