segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Visita do dirigível Zeppelin para cidades do Rio de Janeiro e Recife em 1930

O dia em que o Brasil parou: Em maio de 1930, Recife e Rio de Janeiro recebem um ilustre visitante do céu

Texto José Vicente Bernardo | 17/10/2012 19h1

21 de maio de 1930: ao entardecer, um enorme objeto em formato de charuto paira sobre Jiquiá, bairro do Recife (PE). A população, maravilhada, observa os movimentos daquele gigante prateado e brilhante. Hoje os desavisados e sonhadores se perguntariam se estavam diante de uma nave de outro planeta. Mas, naquele dia distante, quase todos sabiam que se tratava do dirigível LZ 127 Graf Zeppelin, o primeiro objeto voador a dar a volta ao mundo (em 1929) e que fazia sua primeira viagem ao Brasil.

Construído dois anos antes pela empresa de Ferdinand Von Zeppelin, ainda reluz depois de 3 dias cruzando os 7,7 mil km que separam a capital de Pernambuco de Friedrichshafen (sul da Alemanha), de onde tinha partido no dia 18. Em terra, um número de pessoas três vezes maior que o de gente a bordo faz a atracação, num festival de cordas e escaladas que renderia àqueles homens o apelido de "aranhas". A torre de amarração do Recife é a única do mundo preservada tal como naqueles dias, em que os dirigíveis eram os senhores do céu.
Depois do assombro inicial, o dirigível se tornou parte da paisagem pernambucana (foto: reprodução)

No dia 25 de maio, era a vez de os cariocas se deslumbrarem com o Graf. "Hurry! Come see the Zeppelin go by!" Foi assim que Alicia Momsen Miller, 5 anos, foi chamada pela mãe para ver a novidade passando sobre o quintal de sua casa, no Rio de Janeiro. O pai de Alicia, natural de Milwaukee (EUA), havia sido enviado a trabalho ao Brasil alguns anos antes. "Nós subimos as escadas correndo e do alpendre vimos o colossal Graf Zeppelin flutuar sobre nós, a luz do sol refletindo em suas laterais prateadas. Pessoas olhavam pelas janelas de uma gôndola pendurada no lado de baixo dele. Quando circulava em nossa cidade com suavidade e graça, ele passou diante do sol e lançou uma sombra gigantesca sobre nós", descreveu Alicia mais tarde.

O entusiasmo dos brasileiros foi tamanho que os alemães decidiram estabelecer uma linha regular entre Frankfurt e Rio de Janeiro, com escala em Recife. Em 1933, técnicos da Luftschiffbau Zeppelin vieram à então capital federal procurar lugares adequados para instalar campos de pouso e hangares. Escolheram uma área no bairro de Santa Cruz, na zona oeste do Rio. As obras começaram no ano seguinte. O projeto, as técnicas de montagem e a maior parte dos materiais usados vieram da Alemanha. Em 26 de dezembro de 1936, o presidente Getúlio Vargas comandou a inauguração do aeródromo Bartolomeu de Gusmão - com um hangar de 58 m de altura e uma fábrica de hidrogênio (o gás que inflava os dirigíveis e os fazia flutuar), além de escritórios, alojamentos, um prédio para mistura e depósito dos gases e uma linha de trem para levar os viajantes ao centro da cidade.
A rota Frankfurt-Rio de Janeiro operou até 1937 (foto: GettyImages)

Mas o aeroporto de zepelins carioca durou pouco. O acidente com o Hindenburg em Nova Jersey (EUA), em 6 de maio de 1937, feriu de morte a credibilidade daquele meio lúdico de transporte. O Hindenburg havia feito quatro viagens Europa-Brasil-Europa - numa delas, em 1936, levou o maestro Heitor Villa-Lobos a bordo. Pela primeira vez, uma tragédia de tal magnitude era vista por milhões de pessoas - além das centenas de curiosos no local, havia cinegrafistas (as imagens seriam exibidas em cinemas) e radialistas registrando o que deveria ser mais um pouso tranquilo do top de linha da Deutsche Zeppelin-Reederei. Das 97 pessoas a bordo, 36 morreram carbonizadas ou ao pular do dirigível em chamas. O início da 2ª Guerra foi a pá de cal. O Bartolomeu de Gusmão virou base militar. Mas seu hangar hoje é o único no mundo dedicado a zepelins que ainda está de pé.

Na guerra, a Marinha americana produziu modelos menores e mais seguros, unindo os conceitos alemães aos desenvolvidos por Santos Dumont entre 1898 e 1904. Foram usados para escoltar navios e detectar submarinos inimigos. Seu glamour, no entanto, já tinha ido pelos ares para sempre.

• 500 mil km percorreu o LZ 127 Graf Zeppelin.

• 17 mil é o número total de pessoas que ele transportou.

• 5 motores faziam o Graf atingir 128 km/h de velocidade máxima.

• 900 m era a altitude em que ele viajava.

• 36 pessoas morreram na tragédia do Hindenburg, em 1937 (uma delas aguardava o pouso em terra).

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

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Proclamação da República


Deodoro da Fonseca: executor de uma mudança construída ao longo do tempo.

O processo histórico em que se desenvolveu o fim do regime monárquico brasileiro e a ascensão da ordem republicana no Brasil perpassa por uma série de transformações em que visualizamos a chegada dos militares ao poder. De fato, a proposta de um regime republicano já vivia uma longa história manifestada em diferentes revoltas. Entre tantas tentativas de transformação, a Revolução Farroupilha (1835-1845) foi a última a levantar-se contra a monarquia.


Podemos destacar a importância do processo de industrialização e o crescimento da cafeicultura enquanto fatores de mudança sócio-econômica. As classes médias urbanas e os cafeicultores do Oeste paulista buscavam ampliar sua participação política através de uma nova forma de governo. Ao mesmo tempo, os militares que saíram vitoriosos da Guerra do Paraguai se aproximaram do pensamento positivista, defensor de um governo republicano centralizado.



Além dessa demanda por transformação política, devemos também destacar como a campanha abolicionista começou a divulgar uma forte propaganda contra o regime monárquico. Vários entusiastas da causa abolicionista relacionavam os entraves do desenvolvimento nacional às desigualdades de um tipo de relação de trabalho legitimado pelas mãos de Dom Pedro II. Dessa forma, o fim da monarquia era uma opção viável para muitos daqueles que combatiam a mão de obra escrava.



Até aqui podemos ver que os mais proeminentes intelectuais e mais importantes membros da elite agroexportadora nacional não mais apoiavam a monarquia. Essa perda de sustentação política pode ser ainda explicada com as consequências de duas leis que merecem destaque. Em 1850, a lei Eusébio de Queiroz proibiu a tráfico de escravos, encarecendo o uso desse tipo de força de trabalho. Naquele mesmo ano, a Lei de Terras preservava a economia nas mãos dos grandes proprietários de terra.



O conjunto dessas transformações ganhou maior força a partir de 1870. Naquele ano, os republicanos se organizaram em um partido e publicaram suas ideias no Manifesto Republicano. Naquela altura, os militares se mobilizaram contra os poderes amplos do imperador e, pouco depois, a Igreja se voltou contra a monarquia depois de ter suas medidas contra a presença de maçons na Igreja anuladas pelos poderes concedidos ao rei.



No ano de 1888, a abolição da escravidão promovida pelas mãos da princesa Isabel deu o último suspiro à Monarquia Brasileira. O latifúndio e a sociedade escravista que justificavam a presença de um imperador enérgico e autoritário, não faziam mais sentido às novas feições da sociedade brasileira do século XIX. Os clubes republicanos já se espalhavam em todo o país e naquela mesma época diversos boatos davam conta sobre a intenção de Dom Pedro II em reconfigurar os quadros da Guarda Nacional.



A ameaça de deposição e mudança dentro do exército serviu de motivação suficiente para que o Marechal Deodoro da Fonseca agrupasse as tropas do Rio de Janeiro e invadisse o Ministério da Guerra. Segundo alguns relatos, os militares pretendiam inicialmente exigir somente a mudança do Ministro da Guerra. No entanto, a ameaça militar foi suficiente para dissolver o gabinete imperial e proclamar a República.



O golpe militar promovido em 15 de novembro de 1889 foi reafirmado com a proclamação civil de integrantes do Partido Republicano, na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Ao contrário do que aparentou, a proclamação foi consequência de um governo que não mais possuía base de sustentação política e não contou com intensa participação popular. Conforme salientado pelo ministro Aristides Lobo, a proclamação ocorreu às vistas de um povo que assistiu tudo de forma bestializada.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Cleópatra



Cleópatra, a rainha que conquistou generais romanos em busca de suas ambições políticas.

No ano de 69 a.C., o rei egípcio Ptolomeu teve a oportunidade de assistir o nascimento de sua filha mais velha, Cleópatra, que viria a ser conhecida como uma das mais famosas e intrigantes rainhas do Egito. Nascida na cidade macedônica de Alexandria, esta rainha herdou as heranças gregas e persas que se instituíram na região nordeste da África pela ação do imperador macedônico Alexandre, o Grande.

Longe de ser apenas uma mulher fútil, poderosa e entregue aos prazeres da vida, Cleópatra ansiava dar fim às dominações estrangeiras que tomavam seu reino. Além disso, era conhecida como hábil debatedora e dominava várias línguas como aramaico, persa, somali, etíope, egípcio e árabe. Segundo o historiador Plutarco, ela não detinha atributos físicos, mas se valia de outros artifícios para alcançar seus objetivos.

Quando chegou ao poder, suas intenções de restabelecer a soberania parecia ser um plano difícil de ser concretizado. Após casar com seu irmão Ptolomeu XII para chegar ao trono, observou que as tropas do opulento e vitorioso exército romano estavam próximas demais da cidade de Alexandria. Ao mesmo tempo, sua posição real era decorativa em face dos poderes atribuídos aos burocratas que controlavam o Estado.

Estes ministros percebiam as ambiciosas pretensões políticas de Cleópatra e, não por acaso, obrigaram-na a fugir de Alexandria e pedir auxílio militar das tribos do deserto. Nessa mesma época, o general romano Pompeu, ao qual Cleópatra já havia prestado apoio, pediu abrigo a suas tropas derrotadas na Farsália. O pedido gerou um grande dilema para os dirigentes do governo.

Por um lado, entendiam que o apoio a Pompeu poderia significar a invasão das tropas de Júlio César, outro general romano que ambicionava ser ditador. Em contrapartida, a recusa também poderia causar a fúria de Pompeu, que passaria a ver os egípcios como um bando de mancomunados com seu maior inimigo político. Por fim, tentando se safar desta situação ambígua, os egípcios decidiram tramar o assassinato de Pompeu.

Após matarem o general romano, as tropas de César se dirigiram até Alexandria para tomar conhecimento do comportamento egípcio em frente a suas tropas. Ptolomeu, o rei, receava sob as pretensões dominadoras do general romano e decidiu não ir ao seu encontro. Em contrapartida, Cleópatra arquitetou um plano em que conseguiria encontrar Júlio César sozinho e vulnerável à sedução da rainha.

Para conseguir tal feito, se sujeitou a ficar enrolada em um tapete que seria entregue como presente a Júlio César. A ousadia conquistou César, que, em resposta, lutou ao seu lado contra os revoltosos contrários ao governo da rainha no Egito. A empreitada quase fracassou, mas com o apoio de Mitríades de Pérgamo, conseguiram abater as ambiciosas tropas egípcias que, no fundo, também disputavam o poder entre si.

A aliança entre César e Cleópatra a transformou em senhora do Egito. Contudo, não satisfeita com o objetivo alcançado, resolveu apoiar César em novas conquistas que pudessem transformá-lo em um conquistador de muitas fronteiras. Contudo, o general romano sabia que qualquer ambição de poder absoluto poderia acender a fúria do Senado Romano, que não permitiria a dissolução da República.

Por isso, ele teve de se contentar com uma breve temporada em que desfrutou da companhia de sua audaciosa amante. Depois disso, forçado a sinalizar sua devoção às instituições romanas, partiu com o seu exército para a região de Ponto, onde abafou a revolta de Farnaces. Nesse meio tempo, a rainha Cleópatra ficou grávida e deu à luz a Cesarião, nome que simplesmente atestava a paternidade de seu filho.

Depois que retornou para Roma, César nunca mais colocou os seus pés no Egito. Contudo, em mais uma ação de extrema audácia, a rainha Cleópatra resolveu ir até Roma e visitar o seu amante e parceiro político. Para os romanos mais conservadores, a presença daquela estrangeira era uma ameaça às tradições. Afinal, quais garantias poderiam dizer que César não a transformaria em rainha de Roma?

Por fim, antes que tal ameaça se tornasse real, Júlio César foi assassinado por um grupo de republicanos que temiam as pretensões hegemônicas do ditador. Temendo a reação dos romanos com a sua presença, Cleópatra logo retornou para Alexandria e, após se livrar do irmão, colocou o seu filho no poder. Enquanto os romanos decidiam quem assumiria o poder, ela resolveu ficar afastada das questões políticas e militares.

Após as lutas sucessórias, dois generais assumiram o poder político do Império: Otávio, que se preocupava em buscar apoio do Senado e tinha um comportamento frio e ambicioso; e Marco Antônio, que ficara e parecia ser uma figura mais receptível aos engodos da rainha. Ao contrário da primeira vez, Cleópatra esperou que o seu mais novo alvo político chamasse pela sua presença. Não demorou muito, Marco Antonio, que estava na Sicília, chamou a senhora do Egito pra discutir o poder na Ásia.

Organizando uma comitiva suntuosa e adornada com vários elementos que faziam menção à mitologia grega, Cleópatra não teve grandes dificuldades para conquistar o general. Entre 41 e 31, Marco Antonio dizimou os inimigos políticos de Cleópatra, abandonou a esposa (que era irmã de Otávio) e passou boa parte desse tempo realizando conquistas militares que atendiam o interesse de sua amada egípcia.

A união entre Marco e Cleópatra deu origem a três filhos e somente colocava em dúvida o compromisso que o general romano teria com sua pátria original. Como se não bastasse toda a situação, os filhos do casal foram transformados em reis da Armênia, da Síria e da Ásia Menor. Dessa forma, o cenário político de Roma estava divido entre dois senhores: um comprometido com o Ocidente (Otávio) e o outro maravilhado com o Oriente (Marco Antonio).

Prevendo uma possível reviravolta, Otávio começou a realizar ataques sistemáticos contra o comportamento de Marco Antonio e resolveu colocar Cleópatra como uma séria ameaça para os romanos. Marco Antonio, que não resolveu abrir mão de sua aventura amorosa, decidiu combater as tropas do general Otávio. Sem obter o sucesso almejado, ainda tentou se aliar com as tropas de Cleópatra para resistir à sua iminente derrota.

Sitiados e abatidos na cidade de Alexandria, o general e a rainha decidiram acabar com suas próprias vidas. Não satisfeito, Otavio aniquilou completamente a linha sucessória dos herdeiros de Cleópatra bem como transformou o Egito em uma mera província subordinada aos representantes do poder romano. Com isso, o sinal de lealdade representado pela vitória militar transformou Otávio no primeiro imperador romano.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Joana D'Arc


Joana D’Arc se transformou em uma figura mítica após ter ajudado a França a vencer a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), empreendida contra a Inglaterra, entre os séculos XIV e XV.

Joana D’Arc: de grande guerreira à fogueira da Santa Inquisição
Joana D’Arc: de grande guerreira à fogueira da Santa Inquisição
Joana D’Arc nasceu na França, no ano de 1412, no lugarejo de Domrémy. No contexto histórico do século XV, a França se encontrava em meio a uma “turbulência” política, social e econômica. O rei Carlos VI estava doente e, por suas ausências no governo, a rivalidade entre a casa da França e a casa de Borgonha (também na França) acentuou-se.
A França, no século XV, encontrava-se quase que em uma total anarquia e permeada por motins e assassinatos. Assim, os conflitos civis e a desordem social estavam instalados na França. Dentro desse contexto, a Inglaterra, sob o comando do rei Henrique V, viu a oportunidade de tomar o poder na França.
No ano de 1422, no entanto, o rei Carlos VI, da França, e o rei inglês Henrique V, morreram. A irmã de Carlos VI, casada com Henrique V, assumiu a regência do trono francês. Sem nenhum sucessor para o trono francês, os ingleses aproveitaram para uma possível invasão da França. No momento em que a França estava sendo invadida pelos ingleses, surgiu a figura mítica da história francesa: Joana D’Arc, insatisfeita com o governo britânico, assim como os camponeses e populares.
Joana, quando era criança, divertia-se normalmente, brincava, mas tinha responsabilidade sobre outros afazeres: tomava conta do rebanho de carneiros, costurava e cuidava dos serviços domésticos. A religiosidade era outra característica presente na vida de Joana D’Arc, tanto é que, aos 12 anos de idade, conta-se que a menina afirmou ter ouvido vozes vindas do céu que lhe diziam para salvar a França e coroar o rei.
Em certo dia, Joana escreveu ao rei uma carta, pedindo conselhos, e o rei aceitou recebê-la (os motivos da concordância do rei são desconhecidos). Dessa maneira, Joana D’Arc partiu para a corte no dia 13 de fevereiro de 1429 e chegou ao Castelo de Chinon, residência do rei Carlos VII (filho de Carlos VI. É interessante ressaltar que a Inglaterra não reconhecia a legitimidade do governo de Carlos VII), no dia 23 de fevereiro. As primeiras palavras de Joana para o rei foram em relação à visão que havia tido.
Entretanto, o rei somente acreditou em Joana quando ela falou sobre os vários pedidos que ele fizera a Deus, enquanto rezava solitário na Igreja. Após ser testada também por teólogos, Joana D’Arc recebeu do rei uma espada, um estandarte e o comando geral dos exércitos franceses.
Joana queria atacar a região de Orleans sob o comando dos ingleses, por isso enviou um aviso a eles: “A vós, ingleses, que não tendes nenhum direito neste Reino de França, o Rei dos Céus vos ordena, e manda, por mim, Joana, a Donzela, que deixeis vossas fortalezas e retorneis para vosso país, caso contrário farei grande barulho”.¹
A guerreira e a tropa francesa mobilizada pelo rei Carlos VII conseguiram empreender vitórias em diversas batalhas. Essa disputa ficou conhecida na história como a Guerra dos Cem Anos (1337 – 1453), da qual a França saiu vitoriosa, conseguindo expulsar os ingleses, principalmente do norte da França.      
Após a expulsão dos britânicos, os nobres franceses, representados pelo rei Carlos VII, temerosos de uma forte aliança popular entre Joana D’Arc e a população camponesa, entregaram-na para os ingleses. Joana foi morta, queimada na fogueira, no ano de 1430 sob a acusação de bruxaria. No ano de 1453, a Guerra dos Cem Anos terminou com a assinatura do Tratado de Paz entre França e Inglaterra.

Leandro Carvalho
Mestre em História

Catarina



A alemã que conquistou a Rússia.
Aos 14 anos de idade Sophia Augusta Frederika – futuramente Catarina, a Grande - recebeu um convite da imperatriz Elisabeth I da Rússia. A imperatriz queria que Sophia desposasse seu filho, Pedro III, o herdeiro do trono russo. Sophia aceitou prontamente. Foram rápidos os preparativos para o casamento. Os noivos só se conheceram durante o banquete em homenagem à futura esposa. Para Sophia foi uma decepção, pois o príncipe não era dotado de beleza, com o rosto todo marcado por seqüelas da varíola, além disso, possuía um temperamento instável. O casamento aconteceu em 21 de agosto de 1745, em São Petersburgo. Pedro III não estava muito interessado na esposa. A sogra de Sophia ficou muito feliz com o seu interesse em aprender a língua, a cultura e os costumes russos. Com o abandono da fé luterana, foi admitida na Igreja Ortodoxa Russa e rebatizada como Yekaterine Alekseievna.
Com o passar do tempo Catarina se convenceu de que o marido não tinha aptidão para o poder. Em oito anos de união, Pedro III não havia conseguido engravidá-la. Porém, a imperatriz Elisabeth I não pretendia morrer sem ter um neto. Por isso, permitiu que Catarina arrumasse um pai para o bebê. Sendo assim, Catarina escolheu o guarda imperial Sergei Saltikov, desse caso nasceu seu primeiro filho, Paulo. Para a sociedade russa, a criança era fruto do amor do casal real. Mesmo com o nascimento da criança, Pedro III não deixou de ter a antipatia da população. Muito pelo contrário, sua popularidade caia dia após dia. Um dos motivos era que ele se preocupava mais com coisas banais do que com os assuntos que preocupavam os súditos. Já Catarina era o oposto do marido, tinha sede pelo poder. Em junho de 1762, com a ajuda de Gregory Orlov, herói da Guarda Imperial e o mais famoso dos 12 amantes conhecidos da soberana, ela decidiu pôr em prática um plano audacioso. No dia 21 de junho, tomou sua carruagem com destino ao quartel-general do regimento Ismailovsky e apresentou-se aos soldados com ar frágil e empoeirada pela viagem. Fez um apelo aos soldados; “Vim aqui rogar por sua proteção. O imperador ordenou minha prisão. E temo por minha vida”. O apelo deu certo, tanto que os soldados jogaram-se a seus pés, beijaram suas mãos e reconheceram em Catarina sua tsarina. Também conquistou a Rússia. Do quartel-general a soberana foi escoltada para a Catedral de Kazan, em São Petersburgo, onde fez o juramento que a oficializou como imperatriz e governante única da Rússia. Pedro III recebeu a mensagem de que sua esposa assumira o comando. Enquanto isso, Catarina tomou emprestado um uniforme do regimento e, assim trajada, deixou um bilhete ao Senado dizendo que iria à frente da tropa para trazer paz e segurança ao trono russo.
No dia 29 de junho, Pedro III assinou sua abdicação em favor da esposa. Seis dias depois morreu devido um estranho “acidente”. Mas na verdade, foi assassinado por Orlov. Um dia depois, a soberana se apresentou triunfante em Moscou, culminando na sua coroação oficial em Kremlin. Na sua primeira visita ao senado, se chocou com a realidade na qual o mesmo se encontrava, em total abandono. Parte do exército não recebia havia 8 meses, o déficit do tesouro real era em torno de 17 milhões de rublos e a sociedade reclamava de corrupção. Com tudo, Catarina resolveu pôr a casa em ordem, sabendo que governava um país rural, ela decidiu atacar as áreas improdutivas. Abriu as portas à imigração. Fundou a primeira escola só para meninas, criou diversos hospitais e colégios e bancou o florescimento da arte russa. O exército foi reformado, a Igreja teve seu poder reduzido e a agricultura e o comércio desabrocharam. Catarina enfrentou diversas lutas, saindo vitoriosa de todas elas.
Os ideais iluministas da soberana foram esmaecendo com o tempo, e se decepcionava com a resistência de seus súditos em viver sob ideais de razão e lógica que defendia. O sonho de Catarina, a Grande, era anunciar seu neto Alexandre, como herdeiro, só que sua morte, em 1796, a impediu de excetuar o plano. Seu filho Paulo I assumiu a Coroa. No entanto, cinco anos depois, foi assassinado. Alexandre o sucedeu, estava assim cumprido o desejo de Catarina.

Por Eliene Percília
Equipe Brasil Escola

Anita Garibaldi



Anita Garibaldi quebrou os padrões de sua época ao se envolver na luta revolucionária.
Nascida na cidade catarinense de Laguna (SC), Ana Maria de Jesus Ribeiro da Silva teve uma origem familiar humilde combinada com uma boa educação. Seguindo os padrões da época, casou-se bastante jovem, aos 15 anos, com Manuel Duarte de Aguiar. No ano de 1837, já com o desenvolvimento da Revolução Farroupilha, ela teve a oportunidade e conhecer Giuseppe Garibaldi, um dos principais líderes do movimento que conquistara sua cidade natal.

Logo se mostrando apaixonada por Giuseppe, Ana Maria resolveu abandonar o seu infeliz matrimônio para que ao lado do revolucionário italiano marcasse a História com o nome de Anita Garibaldi. No tempo em que Laguna se transformou em sede do governo da República Juliana, que tomou Santa Catariana, Anita aprendeu a manusear espadas e armas de fogo. Em pouco tempo, a paixão pelo companheiro e os riscos da guerra se tornaram situações comuns à sua peculiar rotina.

Durante a Batalha de Curitibanos, Anita foi capturada pelas tropas que representavam o Império Brasileiro. Presa e grávida do seu primeiro filho, ela foi enganosamente informada que Garibaldi havia falecido nos campos de batalha. Inconformada e duvidosa sobre a informação, ela pediu aos oficias que a deixem procurar o marido entre os corpos. Nesse instante, desconfiando do que lhe fora dito, ela saltou em um cavalo e fugiu dos oficiais que a vigiavam.

Após atravessar um rio e passar alguns dias sem alimento, ela buscou refúgio entre alguns revolucionários. Poucos dias depois, Anita e Giuseppe se encontraram na cidade de Vacaria. Já em 1841, o casal seguiu para a cidade de Montevidéu, para apoiar outra revolta contra o ditador uruguaio Fructuoso Rivera. Após a participação nos conflitos, Anita foi enviada para a Itália, em 1847, para realizar os preparativos que receberiam o marido e uma tropa de mil homens que participariam das guerras de unificação da Itália.

Nesse novo conflito, o casal chegou até acidade de Roma, que havia sido posta como a capital da nova República Romana. Apesar da conquista, tiveram que enfrentar a opulência das forças franco-austríacas, e bateram em retirada nas ofensivas que marcaram a Batalha de Gianicolo. Acompanhados por, aproximadamente, quatro mil soldados, o casal de revolucionários ainda teve de suportar a pressão de outros exércitos contrários ao processo de unificação.

Quando atingiram a cidade de San Marino, a embaixada norte-americana ofereceu um salvo conduto que poderia tirar o casal daquela penosa situação de risco. Não aceitando o convite, por temer a desarticulação do processo de unificação, Anita e Giuseppe continuaram a sua fuga. A essa altura, esgotada pela quinta gravidez, a valente revolucionária ficou abatida ao enfrentar uma grave crise de febre tifoide. Não resistindo, Anita faleceu nas proximidades de Ravenna, em 4 de agosto de 1849.

Ferozmente perseguido pelos soldados austríacos, Garibaldi não teve sequer a oportunidade de acompanhar os cortejos fúnebres da esposa. Partindo para o exílio, o revolucionário italiano ficou dez anos fora da Itália. Somente em 1932, o corpo de Anita Garibaldi foi definitivamente transferido para a colina de Janiculo, localizada na porção ocidental da cidade de Roma.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Os Significados de Maria Madalena



O lugar de Maria Madalena desperta um intenso debate no interior do cristianismo.
Há muito tempo, Madalena é uma personagem que desperta as mais variadas questões de fé no interior do pensamento cristão. Em tempos medievais, ela poderia representar a mulher como um ser, cheio de pecados e que deveria se apoiar na fé para tentar se firmar contra os instintos de sua condição natural. Recentemente, a popularização dos textos apócrifos (não reconhecidos oficialmente) a coloca sob a perspectiva de uma companheira de Cristo que fora essencial para a disseminação do cristianismo.

Ao contrário das várias outras Marias que aparecem na Bíblia, Madalena não tem seu nome vinculado a um marido ou pai. Contudo, o seu sobrenome pode também remeter à prospera cidade comercial de Migdal, onde ela supostamente teria nascido. Ainda hoje é possível encontrar um antigo letreiro nas ruínas dessa cidade que descreve essa enigmática mulher como uma serva de Cristo.

Paralelamente, o termo “Madalena” significa “torre” em aramaico. Em termos simbólicos, a torre é um lugar privilegiado, do qual se pode ter uma visão mais ampla das coisas. Coincidentemente, ela é a personagem da narrativa bíblica que percebe inicialmente que a sepultura de Cristo estava vazia ao terceiro dia. Em certa medida, essa primeira percepção salienta toda uma discussão que pretende circunscrever qual o papel dela na história do cristianismo.

Na coleção oficial dos livros bíblicos ela expõe um ideal de fragilidade e arrependimento, ao ser vinculada à imagem de uma prostituta que se arrepende da sua vida pregressa para seguir Jesus. Em seu primeiro encontro com o Messias, ela se livra de sete demônios que ocupavam seu corpo. Observando a recorrência do número sete, podemos ver que a sua salvação aglomerava o fim de uma obra (como o tempo de criação do mundo) e a libertação de todos os pecados (os sete pecados capitais).

Mais que uma humana arrependida, ela se coloca como uma mulher completamente redimida e livre de qualquer espécie de pecado. Contudo, se existia a possibilidade dessa interpretação ter sido consolidada, ela acabou desaparecendo, pois o papa Gregório Magno (540 - 604) e os textos da Inquisição tiveram a função de colocá-la na vacilante posição de uma mulher que caminhou entre os tênues limites da salvação e do pecado.

Após a ascensão de Cristo, a imagem de Maria Madalena desaparece como a de uma mulher que não mais teria utilidade. Contudo, em uma passagem no livro de Romanos, o apóstolo Paulo salienta que, entre várias pregadoras do cristianismo, Maria teria feito “muito por vós”. Mesmo não especificando que Maria seria essa, vale lembrar que Madalena teria grandes possibilidades de atuar como pregadora na condição de mulher livre do matrimônio e nascida em uma movimentada cidade comercial.

Por meio desses indícios, a suposta veracidade dos textos apócrifos – especialmente do Evangelho de Felipe – ganham uma proporção incendiária. A dimensão de uma mulher livre e independente se potencializa com a figura da mais próxima seguidora de Cristo, que teria por ela um amor de dimensões carnal e espiritual. Apesar de polêmica e ativadora de várias interpretações atraentes, os indícios históricos não são suficientes para que ela seja firmada como a “esposa de Cristo”.

Devemos salientar que os textos apócrifos que sugerem o contato íntimo entre Cristo e Madalena também podem estar fazendo uma construção simbólica. As manifestações do corpo são comumente utilizadas como alegorias que exprimem a consumação de uma experiência espiritual superior. A própria descrição bíblica que relata que Jesus suou sangue pode, por exemplo, representar a agitação do Messias ao reconhecer a proximidade de seu destino no mundo.

Mediante a precariedade de um veredicto, vemos que a fragmentação de Madalena em outras imagens expõe a vivacidade que a experiência religiosa pode ter em nosso cotidiano. De um lado, a construção de uma Maria Madalena mais positiva reforça o valor cristão que há muito tempo salienta que “os últimos serão os primeiros”. Por outro, essa mesma imagem pode saciar as questões de um tempo presente, em que as mulheres ganham outro lugar na sociedade e a autoridade clerical já não é mais a mesma.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

A rainha Elizabeth


A rainha Elizabeth tornou-se uma das lideranças mais conhecidas da História pelas suas medidas políticas na Inglaterra e sua luta contra o catolicismo.


As roupas eram o símbolo do poder da nobreza durante o absolutismo
As roupas eram o símbolo do poder da nobreza durante o absolutismo
O rei inglês Henrique VIII ficou famoso não pelo simples fato de ser um rei, mas pelos seus polêmicos casamentos em busca do tão sonhado herdeiro. Nascido em 28 de junho de 1491, foi o sexto filho de Henrique VII e Isabel de Iorque. O segundo monarca da dinastia Tudor exerceu amplo poder político, dentre as principais medidas de seu governo, destacaram-se a ruptura com a Igreja Católica e a criação de uma nova religião, o Anglicanismo.
O início da polêmica com o catolicismo veio em seu primeiro casamento com a espanhola Catarina de Aragão. O rei inglês queria um menino para ser o seu sucessor ao trono, entretanto, sua primeira esposa deu à luz uma menina cujo nome era Mary. Isso levou o rei inglês a procurar uma nova esposa para casar-se novamente e conseguir seu objetivo que era um herdeiro. Todavia, para que Henrique pudesse divorciar-se, ele teria que obter a autorização do papa Clemente VII. Este momento ficou conhecido por “Questão real”.
O principal motivo, dizem os historiadores, para o papa não ter permitido o divórcio do rei foi o fato de Catarina ser tia do imperador Carlos V, que apoiava a Igreja no combate aos luteranos. Mesmo não obtendo a permissão do papa, Henrique VIII tomou uma iniciativa e, em 1534, o parlamento proclamou o ato de supremacia em que o rei inglês criou sob seu poder a religião anglicana.  Feito isso, Henrique VIII conseguiu o divórcio e casou-se com Ana Bolena, com a qual esperava ter o herdeiro. Porém, ela, assim como a primeira esposa, deu-lhe uma filha que teve por nome Elizabeth. Como não havia conseguido ainda ter um menino, Henrique VIII, na busca pelo seu objetivo, acusou Ana de adultério e ela acabou sendo morta por essa acusação, dando oportunidade a Henrique de casar-se novamente. Desse modo, o rei casou-se com Jane Seymour, que mesmo morrendo após o parto, gerou Edward I, o tão esperado filho e sucessor ao trono.
Quando Elizabeth completou 13 anos de idade, Henrique VIII morreu e como era de se esperar, o seu filho, Edward I, assumiu o trono com apenas nove anos de idade. Todavia, a saúde do novo rei era vulnerável e, em 1553, ele morreu de tuberculose. Nesse caso, a sucessora por direito era Mary, a primeira filha de Henrique com Catarina. Assumindo o trono em meio a polêmicas por ser católica, Mary casou-se com Felipe II, rei da Espanha, em 1554, e mandou perseguir e queimar na fogueira as pessoas que eram contra o seu governo.
Vários países da Europa enfrentaram verdadeiras crises em relação às reformas religiosas que se espalhavam pelo velho continente, entre elas, podemos destacar o Luteranismo, na Alemanha, e o Calvinismo, na Suíça. Em meio a esse cenário de luta entre católicos e reformistas, a atual rainha inglesa suspeitava que sua irmã, Elizabeth, estava incentivando revoltas contra seu governo e, por isso, deu ordem para prendê-la na torre de Londres. Porém, Mary morreu em 1558 e o direito ao trono ficou com Elizabeth. Surpreendendo em seu governo, a nova rainha adotou medidas para melhorar a economia inglesa e também de impedir possíveis invasões de países inimigos. 
Dentre as importantes características de governo de Elizabeth, destacaram-se os investimentos na indústria inglesa, a expansão econômica através da Companhia das Índias e o desenvolvimento no campo das Artes e da Literatura, como as publicações dos romances de alguns autores, entre eles, William Shakespeare, Edmund Spenser e Christopher Marlowe. Com essas atitudes, a rainha inglesa inaugurou um momento áureo para a sua nação.
Além disso, o reinado da rainha Elizabeth (1533 – 1603) destacou-se pelo apoio que recebeu de seus súditos e por complementar a obra reformista de seu pai, Henrique VIII, exigindo que o Anglicanismo fosse tomado novamente com a religião oficial da Inglaterra, já que sua antecessora havia colocado o catolicismo como principal religião. Além disso, ela tomou medidas pragmáticas tentando assimilar características também do calvinismo para não dividir o reino por questões de crença, estabeleceu acordos para evitar possíveis conflitos e deu voz aos católicos no parlamento para que não houvesse uma guerra civil. Mesmo assim, ocorreram confrontos religiosos com os católicos, como o de 1569, que foi violentamente punido. A rainha Elizabeth, além de enfrentar uma delicada relação com a Igreja Católica, teve um duro confronto imposto pelo rei espanhol Felipe II, que acabou perdendo a guerra. O conflito ficou conhecido pelo governo inglês como “castigo protestante” aos espanhóis.
Conhecida também por ser a rainha virgem, Elizabeth, que nunca se casou nem deixou herdeiros, permaneceu no poder até sua morte em 1603, encerrando a dinastia Tudor. No período de seu governo, a Igreja Católica adotou uma série de medidas contrarreformistas, como o Concílio de Trento elaborado pelo papa Paulo III. Essas medidas católicas eram uma maneira de combater o avanço de religiões como o Calvinismo e o Anglicanismo.

Por Fabrício Santos
Graduado em História